quarta-feira, 4 de abril de 2007

Ota Again

Não pondo a questão de parte (a dos prédios) e não conhecendo eu mais nenhum aeroporto no centro da cidade (Acho que em Amsterdão e Valencia têm um) temos vários princípios a reter:



  • Com o mal deles podemos nós bem. Isto é, se acham que ter um aeroporto no meio da cidade é bom e faz bem à saúde estão à vontade. Nada como lutar por ter piores pulmões e menos audição. É só vantagens: não temos que ouvir ministros ou chefes nem programas e debates televisivos da treta com doutas burras e burros doutos. E com piores pulmões pode ser que se crie em Portugal uma unidade último grito de pesquisa do cancro do pulmão para aproveitar os milhões deixados pelo Champô Limão.
  • Lisboa deve ser das cidades com mais caga (ou sorte, se quiserem). E ainda por cima os aviões que caiem na cidade só transportam ministros e, ainda por cima, fazem o favor de cair em zonas degradadas. Aliás, está a decorrer um estudo para promover a queda doutro, mas de maior porte, na Cova da Moura mas ainda não foi decidido quais nem quantos os ministros a transportar. Espera-se uma decisão nos próximos 30 anos. Estão também a estudar a envergadura do avião a utilizar.
  • Não percebendo nada de aviação pergunto: quantas rotas de entrada/saída nesses aeroportos passam sobre o centro da cidade? Um pequeno erro e passamos a ter um apeadeiro em Entrecampos ou na Av. De Roma qu’é mais fino. É bonito de ver mas é preciso sorte para não nos levarem a antena do prédio.
  • Não conhecendo as cidades, não me parece que nenhuma delas tenha colinas com a altura das de Lisboa nem que em nenhuma delas tenha sido edificado um “pequeno” edifício tipo Amoreiras. Mas pelo menos funciona como o farol de Alexandria: vê-se ao longe e é um alvo perfeito para tirocínio de aprendizes de suicida. Dizem que o Osama já foi visto no hotel D. Pedro (Sim, aquele onde ficou o Clinton) e a almoçar com o Sócrates (Foi logo a seguir ao Gaitas e aos tipos do MIT). Acho que vão constituir umas empresas de formação com subsídios da CEE e tudo. Depois passam uns certificados.
  • O facto de não gastar no aeroporto não significa que o dinheiro vá ser gasto na ferrovia ou noutra coisa qualquer que desenvolva o interior. Aí só nos salvará a existência de um parque selvagem com o regresso dos lobos, ursos, águias e demais fauna à muito (idade média, talvez) extinta. Ou então o degelo da Gronelândia (mais provável do que poderá parecer) que porá fim à questão com a subida de 6 metros do nível das águas do mar. Dessa forma livramo-nos logo de grande parte da cidade de Lisboa, Cascais, Parede, Oeiras, do Barreiro, grande parte de Almada (Caparica incluída. Julgavam que se safavam não !?), Alcochete, Seixal, Vila Franca e, ironia do destino, talvez afogue a OTA (Qual será a cota daquilo? Fica acima dos 10m?). Aí temos mesmo que ir para o interior e o último afoga-se. Com um bocado de sorte lembramo-nos de levar cobertores e talvez consigamos resistir a uma nova idade do gelo. Por vezes a luta pelo desenvolvimento do interior parece-se muito com a defesa do comércio tradicional. Fala-se muito mas são poucos os que lá vão. Contra mim falo.
  • Voltando aos prédios, com o avançar dos tempos e o aumento da população previsto para o futuro (uma questão de álgebra apenas: quantos anos passarão até sermos menos que 1 milhão à taxa de crescimento actual? Já teremos decisão sobre o aeroporto?) muito cedo os construtores entrarão em falência (aliás a maior parte deles já está nessa situação as we speak) e o mercado funcionará. Só restarão os empregados dos hotéis. E aí a questão da Ota desaparece naturalmente.
  • A solução é a Ota? É Rio Frio ou o Poceirão (ai o vinho! Uma desgraça nunca vem só!)? Neste país de montes e vales não me parece viável um aeroporto a norte do Tejo (Só se for lá para Santarém mas aí também é só água). No Sul é só comunas e gajos esquisitos que só querem estar à sobra de chaparros. E pior ainda, não se conhece ninguém que tenha por lá uns terrenos e pertença ao partido do poder. Xavier de Lima, tu é que a sabes toda…
  • O futuro nunca é brilhante e não comporta incompetências de decisões com 30 anos de atraso. Muito muda nesse tempo. Nasceu e morreu muita gente. Revoluções e guerras de todo o tipo e feitio. Caiu o muro de Berlim, alguém afirmou (Fukyama) que era o fim da história. Inventaram-se e desenvolveram-se milhares de produtos e serviços. Passou a falar-se de ecologia, globalização, aquecimento global. As gajas passaram a sair à noite, a andar mais bem vestidas e, algumas, armadas em parvas (falei agora com a minha ex-). Legalizou-se o divórcio, permite-se o aborto e que as mulheres vão à tropa. A aceleração temporal não permite que um conjunto de maduros (mas inginheiros) discuta interminavelmente a localização duma porcaria de um aeroporto (por muito dinheiro e impacto que involva). Porque o que hoje pode parecer uma boa solução deixa de o ser muito rapidamente (tipo expansão do metro: querem chegar a Stª Apolónia mas já lá não sai ninguém. A seguir é o aeroporto. Anedota total e total falta de planeamento). Neste país de inginheiros e dótôres ainda não se percebeu que quando não se actua a tempo, é obrigatório (enfim, pelo menos pertinente) proceder a alterações dos planos e que as decisões não põem ficar à espera eternamente. Depois o que temos? Soluções tipo acesso à ponte 25 Abril no Centro Sul? Desperdício de talento e de dinheiro que resultam em soluções de merda que quando implementadas já estão fora de prazo e rançosas.

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